O número faz parte do conhecimento matemático. Faz-se necessário que a criança pegue, junte, separe, aperte, amasse objetos a fim de chegar aos conceitos e ações próprias do conhecimento- matemático. Manipulando objetos serão trabalhados os setes esquemas mentais básicos para aprendizagem matemática: classificação, comparação, conservação, correspondência, inclusão, sequenciação e seriação (ou ordenação).
A seriação tem papel fundamental na construção de conhecimento matemático. Seriação é o processo pelo qual se trabalha as diferenças entre os elementos das coleções que podem ser quantificadas, permitindo que os elementos sejam colocados em ordem crescente ou decrescente.
A Seriação pertence às relações chamadas assimétricas, ou seja, são aquelas utilizadas ao seriar objetos considerando a ordem linear de grandeza desses elementos. Sendo assim, podem-se seriar objetos numa ordem do maior para o menor, do menor para o maior, do mais grosso para o mais fino, do mais fino para o mais grosso, do mais pesado para o mais leve e vice- versa etc.
Identificam-se alguns níveis relacionados à formação dessa estrutura, são eles: o nível pré-operatório (FASE I); o nível intuitivo (FASE II); e a série operatória (FASE III). No nível pré- operatório, a criança ainda não consegue ordenar do maior para o menor, por exemplo. Isso porque ela não consegue relacionar o próximo objeto a ser colocado como, ao mesmo tempo, sendo maior do que os já presentes na série e também sendo menor do que todos que ainda restam. Dessa forma, ela aproxima ao último objeto qualquer que seja baseado na percepção dela. Mesmo pedindo para reavaliar a séria construída, a criança não consegue nas suas trocas obter êxito. Isso só será possível quando ela compreender as relações maior do que e menor do que.
No próximo nível, série intuitiva (FASE II), a criança começa a dar passos maiores em relação à constituição da estrutura de seriação, por isso também chamado de estágio semi-operatório. Aqui a criança consegue após várias tentativas, atingir a constituição da série por intuição. Vale ressaltar que essa estrutura mental ainda não está consolidada, ela só consegue resolver o problema quando o erro fica evidente pelo dado perceptivo que ela busca, sendo assim, a criança troca de lugar os objetos e faz correções.
Na Fase III, a série operatória, há a consolidação da estrutura de seriação. A criança faz relações mentais que orienta toda a sua ação. Deste modo, ela analisa o próximo elemento a ser colocado na série, comprovando que este é maior do que os já colocados e também menor do que os que restam, no caso de uma ordem ascendente. É reversibilidade do pensamento, o “ir e vim mentalmente”, que faz a relação maior do que concomitantemente a seu inverso menor do que.
Desenvolver a habilidade de seriar é importante, pois é também deste modo que a criança aprende a sucessão natural dos números, segundo Piaget. Ou seja, a criança só constrói o quatro depois do um, do dois e do três, e depois do quatro constrói o cinco, o seis. O que assegura a aprendizagem dos nomes numa determinada ordem é as informações que as crianças recebem do meio social, mas também uma construção interior da criança, no caso uma relação mental denominada seriação. Apenas a agindo/manipulando sobre os objetos, a criança percebe suas semelhanças e diferenças seriáveis.
Bibliografia